Não, Folha de S. Paulo, não
vivemos sob uma ameaça fundamentalista!
Por Gutierres Fernandes
Siqueira, do Blog Teologia Pentecostal.
Bom, esse é o livro que o
jornal Folha de S. Paulo escolheu para retratar o momento político do
Brasil em um longo editorial neste domingo. Segundo o jornal paulista, nós
estamos vivendo na iminência de uma Irmandade Evangélica, ou seja, um jogo de
palavras para comparar os evangélicos aos radicais da Irmandade Muçulmana, um
grupo político forte no norte da África de inspiração fundamentalista. O Brasil
está sob uma perigosa ameaça conservadora que coloca em xeque os valores da
liberdade, segundo o jornal. Será?
O editorial é ofensivo aos
evangélicos. Em primeiro lugar, o fundamentalismo evangelical em nada pode ser
comparado com o fundamentalismo islâmico. O evangélico, por mais conservador
que ele seja, não tem espírito combativo e conquistador. O fundamentalismo cristão
é de natureza teológica e não impulsiona nenhum movimento político importante.
O Brasil já conta com uma população de 40 milhões de evangélicos e cada vez é
maior a garantia de liberdades aos diversos grupos de minorias. Além disso, o
crescimento evangélico em nada impede a constante secularização da população,
mas pelo contrário: o crescimento evangélico fortalece a secularização, isso
porque põe fim ao hegemonismo centenário da Igreja Católica Romana. Diferente
do islamismo, o cristianismo já provou mais de uma vez sua compatibilidade com
a liberdade e valores ocidentais.
O editorial também acha um
absurdo citar a Bíblia para justificar alguma lei. Bom, normalmente tais
citações carecem de uma boa exegese, mas a Bíblia não pode ser resumida a
misticismos e mitos. A Bíblia em seus dois testamentos é o livro mais
importante do mundo, logo por que é crime contra a inteligência e a liberdade
citá-lo? Por que posso citar um paper de uma militante feminista e não posso
citar a Escritura? Os dez mandamentos, que está no segundo livro do Pentateuco,
é base importante da jurisdição judaico-cristã, logo não só do Direito Romano
vive a nossa lei. Não digo que deva ser a única e definitiva base, mas inegável
é a sua influência para o Ocidente. É com Cristo, e não com César, que
aprendemos que não podemos confundir o mandatário romano com o Senhor do
universo. O cristianismo é, por natureza, conflituoso com o Estado. E, toda vez
que na história o cristianismo casou com César, a própria mensagem cristã
sofreu prejuízos irreparáveis.
Portanto, caro jornal Folha
de S. Paulo, nós não vivemos sob uma ameaça fundamentalista. O Brasil, pelo
contrário, dá mostra de vigor democrático e avanço institucional ao eleger um
governo de esquerda e um congresso contido. E, nesse caso, os evangélicos
ajudaram a eleger tanto os “progressistas” como os “conservadores” . Viva a
liberdade, a liberdade de ser inclusive conservador!
Referência Bibliográfica:
[1] HOUELLEBECQ, Michel. Submissão. 1 ed.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2015. (254 p).
[2] ALI, Ayaan Hirsi. Herege: por que o
Islã precisa de uma reforma imediata. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2015. p 11.
Nenhum comentário:
Postar um comentário